Passamos dias pensando, algumas horas tentando escrever, alguns segundos retocando os detalhes. Quando pronta, somente nós sabemos o trabalho de reflexão e sensação que custou: as palavras que estavam repetidas que foram eliminadas, as menções a alguém que ficou oculta, a mensagem para alguém para que esta pessoa se emocione e se encante.
Na verdade o leitor nunca vai saber por inteiro todos os nossos pensamentos, vontades e dores. Porque no fundo eles são só nossos e de mais ninguém. Porque a emoção se pinta, se desenha, se escreve, se canta, faz-se uma escultura, faz-se uma fantasia para se vestir, ou simplesmente sai num grito de dor ou de prazer; externaliza-se de todas as formas, mas na verdade apenas se sente da forma mais pura e limpa como um olho d’água. É algo muito subjetivo que nem cabe julgamento ou interpretação.
Quando uma pessoa lê uma poesia, faz isso em segundos, minutos... guarda a poesia para ela para que possa ler outra vez e fica sempre lembrando por dias, dias. Gosta de algum trecho coloca no nick no Msn, Orkut, Facebook, Twitter etc. Depois disso está imortalizada, não precisa necessariamente existir uma legião de seguidores; para o poeta, só em saber que aquela sua obra mudou a vida de outrem, já basta.
E quando pronta, vem ao autor a sensação de trabalho concluído. Olha, lê, relê o que fez. Sente-se ora um gigante adormecido, ora um pequeno polegar quando vai publicá-la
Cabe ao leitor apenas ler e sentir. Nessas horas a razão foge e a emoção fica. Palpitações, suor, lágrimas, sorrisos, beijos, abraços e olhares. A respiração para por alguns segundos e quando solta o ar preso nos pulmões não vem só o CO2, vem admiração e às vezes o despertar de algo íntimo que resistia sair.
