quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Banho de mar


Ó, Mar!
Deus da cor da Terra,
repouso de todos os rios,
que te buscam como descanso.

Tu, cheio de mistério,
 que já enganastes marinheiros,
escondeste monstros marinhos,
e afundaste navios,
tomou para si muitas vidas.

Então, nesta noite que chega,
 seja nosso cúmplice,
 toma o brilho das almas que nos pertecem,
mesmo sem que nos peça,
pois esse desejo que está para nascer 
já não cabe mais em nós.

Nesta praia deserta
onde a areia é agora o nosso assento
e a tua onda cheia de espumas, a nossa coberta.
De batismo doce é o nosso amor,
que vai te dar novo sabor.

Até o Deus Sol
vai ficar rente a ti no seu pôr,
para nos ver entregues nos braços um do outro, 
e contar para a Lua, como testemunhou 
o suco do nosso amor se misturar ao teu.

A vida, que hoje povoa a Terra,
veio do teu ventre,
e agora o mistério de nossos desejos
 vai fazer parte da tua matéria e da tua história,
como uma oferta ao criador.

Te retribuindo as ondas que nos banham
Sem marés de preocupação com o tempo.
E a única ressaca que existe
é aquela de nossos corpos temperados com o teu sal.

Quem provar de ti novamente
já te reconhecerá com novo gosto
e vai ficar embriagado de sonhos,
como se ouvisse ondas quebrando a dura rocha,
mas na verdade serão os nossos suspiros inefáveis.

Ó minha amada,
quero escalar as dunas do teu corpo,
superar com você o frio dessa noite,
acendendo uma fogueira com nossos corpos,
criando o nosso próprio Sol.

Quero te contar segredos meus,
beijando tua orelha em forma de concha.
E o prazer sonhado vai deslizar sobre nós
como se fosse cada onda do mar a nos tocar.

E quando chegar a meia-noite,
seremos um farol,
servindo de porto seguro para muitos corações
que vagam à deriva no mar
querendo produzir uma luz igual que dure eternamente.

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